A Pessoa que está para Vir
Muitos dos que conhecem alguma coisa da doutrina da vinda do Senhor, parecem preocupar-se mais com os "acontecimentos" que julgam terem sido ou estarem sendo cumpridos, do que com a própria bendita Pessoa que háde vir.
Muitos dos que conhecem alguma coisa da doutrina da vinda do Senhor, parecem preocupar-se mais com os "acontecimentos" que julgam terem sido ou estarem sendo cumpridos, do que com a própria bendita Pessoa que háde vir.
Uma viúva, por exemplo, está no cais duma cidade
marítima, olhando fixamente para o lado do mar. Ouviu dizer que estão
para chegar em breve navios de transporte que trazem as tropas de volta
duma guerra no estrangeiro, e ela espera ardentemente que num deles
venha o seu muito amado filho. Estão a fazer-se grandes preparativos
para uma grandiosa recepção após o desembarque dos bravos soldados. Mas
tudo isso tem poucos atrativos para ela. As bandas militares, as
bandeiras tremulando e os arcos triunfais podem agradar a um simples
observador; mas é pelo seu querido filho que ela espera. De dia e de
noite desde que ele partiu, ela tem desejado e orado pelo seu regresso,
e, na verdade, o que é que lhe daria alegria igual a vê-lo de volta são e
salvo? Não é que ela não goste de vê-l0 honrado nos festejos; na
verdade, ela o considera digno de todas as honras que lhe possam dar; no
entanto, isso ocorrerá depois de seu desembarque. Agora, a maior
preocupação do seu coração é esta: "ele está para vir".
Ora, leitor amigo, podem estar a dar-se certos
acontecimentos, hoje, que pareçam indicar que não pode estar longe o
tempo em que o "Sol da justiça"Suas asas a cura para o restante do povo de Israel que teme o Seu nome, e o julgamento para os maus. Mas a esperança imediata do cristão é a volta do próprio Cristo, como sendo a "Resplandecente Estrela da Manhã", como Ele próprio diz em Apocalipse 22: 16. Usando do Seu próprio precioso nome pessoal, Ele diz: "Eu,
Jesus, enviei o Meu anjo para vos testificar estas coisas nas igrejas;
Eu sou a raiz e a geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã". há de levantar-se, trazendo nas
Ora, a estrela da manhã aparece no firmamento antes do sol. É entre o tempo em que Ele vem como "Estrela da manhã", e o tempo em que Ele apareceu novamente como "Sol de justiça"
que o terrível julgamento de que se fala no Apocalipse há de se
desencadear sobre a terra. Então entrará em cena aquela terrível
consumação de maldade e insubordinação, aquele "homem do pecado", o anticristo.
(2 Ts 2); então também há de vir o "tempo de angústia para Jacó" (Jr 30:7), e "grande aflição" (Mt 24:21-22),
mas haverá uma porção do remanescente fiel daqueles dias que será
poupado no meio de tudo isto, tal como os três filhos hebraicos no forno
ardente (Dn 3). A cristandade professa, aqueles que somente levam o nome de cristãos mas que não receberam "o amor da verdade para se salvarem", será deixada na terra após o arrebatamento, e o próprio Deus os abandonará a uma "operação
do erro, para que creiam a mentira; para que sejam condenados todos os
que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniqüidade" (2 Ts 2).
Haverá, então, inúmeros sinais - sinais do mais
medonho caráter, muitas tristezas esmagadoras, espetáculos e sons que
hão de fazer tremer os corações mais fortes - de modo que os homens "desejarão morrer e a morte fugirá deles" (Ap 9:6). Mas lembremo-nos de que tudo isso se deve esperar depois da "Estrela da Manhã" ter raiado, e não antes; isso é, depois que a Igreja, a noiva celestial de Cristo, tenha sido arrebatada da terra para ir ao Seu encontro nos ares. Oh, não esqueçamos nunca que é Ele próprio que está para vir brevemente para recolher os Seus remidos!
A preocupação com "acontecimentos", em lugar do coração estar ocupado com a Sua
pessoa, rouba ao coração muito daquele bem estar e conforto que deve
resultar desta esperança celestial. Infelizmente, o inimigo tem
conseguido fazer com que no espírito de muitos esta linda promessa da
vinda do SenhorJoão 14, foi o melhor tônico escolhido pelo Grande Médico para reanimar os corações desfalecidos e receosos dos Seus
amados discípulos. E quando o inspirado apóstolo, anos mais tarde,
escreve a sua primeira carta aos enlutados e perseguidos jovens
convertidos de Tessalônica, ele conclui as suas observações sobre a vinda do Senhor com esta pequena, mas significativa frase: "Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras". se pareça com uma ameaça judicial; enquanto, como vemos em
Leiamos agora 1 Tessalonicenses 4: 16 e examinemos cuidadosamente estas palavras de conforto: "O
mesmo Senhor descerá do céu, com alarido, e com voz de arcanjo, e com a
trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro.
Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com
eles, nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos
sempre com o Senhor".
Notemos que aqui se trata de um verdadeiro Homem, vivo, o "mesmo Senhor",
que ia descer do céu. Era o próprio Senhor que iriam encontrar nos
ares. Quando se converteram, os tessalonicenses aprenderam que o "mesmo Jesus", que pela Sua morte e ressurreição os tinha livrado da "ira futura", estava para vir outra vez; e eles "dos ídolos se converteram a Deus, para servir o Deus vivo e verdadeiro, e para esperar dos Céus a Seu Filho" (1 Ts 1:9-10). Paulo também diz, quando escreve dos Filipenses, que: "A nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo" (3:20); isto é, eles estavam à espera de uma Pessoa, e essa Pessoa era o conhecido e amado Filho de Deus, em Quem tinham aprendido a confiar.
Mas, onde esse bendito Salvador não é conhecido, onde não se confia na SuaSua autoridade é reconhecida e obedecida, não é para admirar que as novas da Sua próxima vinda encham as consciências de terror e receio, como na antiga Jerusalém. obra consumada, nem a
Mas, querido leitor cristão, isso não se deve dar
contigo. Devemos, sem dúvida, velar para que o nosso procedimento seja
digno d'Aquele que está para vir; e se tomarmos a sério em nossos
corações a promessa da Sua breve volta, decerto cuidaremos nisso. "Qualquer que n'Ele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro" (1 Jo 3:3).
Nunca devíamos esquecer, além disso, que todos
havemos de ser manifestados perante o Seu tribunal, onde toda a nossa
obra será passada em revista, e onde "cada um receberá o seu galardão, segundo o seu trabalho"(1 Co 3:8). Isso, contudo, como o "dia da grande revista" do exemplo que apontamos, será um acontecimento posterior.
E, além disso, assim como, numa revista militar,
todos os soldados aparecem com o seu uniforme de gala, assim nós havemos
de aparecer perante o Seud'Ele - pois seremos ressuscitados em glória (1 Co 15:43).
Mas primeiro Ele virá nos buscar, como um noivo afetuoso vem buscar a
sua noiva para a levar para casa; e, repetimo-lo mais uma vez: o
verdadeiro crente nada tem a temer com relação a esse tribunal, embora
haja muito para humilhar e exercitar os espíritos até dos mais dedicados
entre nós. tribunal com vestidos gloriosos como os
Há alguns anos, encontrei na cidade de Manchester
um rapazito de uns seis anos de idade que ia caminhando vagarosamente
pela rua. Quando me aproximei, notei que estava cantando uma canção,
evidentemente, de sua composição. Bem pequena, composta de apenas três
palavras: "Às dez horas! Às dez horas! Às dez horas!" O
pequeno parecia tão absorvido com isto, e o repetia tantas vezes, que
tive a curiosidade de perguntar o que queria dizer. Depois de lhe
dirigir algumas palavras carinhosas, a criança começou a falar comigo.
Parece que a mãe tinha estado ausente de casa
durante algum tempo, mas que o pai tinha recebido uma carta em que dizia
que haveria de voltar para casa nesse dia "às dez horas".
A pequena canção matutina não carecia de mais explicações. A notícia do
regresso da mãe tinha-o enchido até transbordar. Sem dúvida ele tinha
sentido muito a falta dela, a sua ausência, e desejava ardentemente que
ela voltasse.
Mas agora ela estava para vir - "às dez horas". Admira nos que esta notícia o enchesse de alegria?
Ora, porque então não se passa o mesmo conosco,
cristãos, quando as novas da vinda de nosso Senhor chegam aos nossos
ouvidos? Não temos nós provado a doçura do Seu amor? Não sofreu Ele e
morreu por nós? Não nos tem Ele sempre guardado desde que O conhecemos,
aliviando-nos de muitos pesos, socorrendo-nos e compadecendo-Se de nós
em muitas tristezas, restaurando-nos depois de muitas quedas? As
palavras não podem exprimir quão queridos nós Lhe somos. Ah, caro irmão
ou irmã, é quando pensamos n'Ele que os nossos corações ardem com
desejos de O ver!
Não faz muito tempo que uma senhora cristã me disse: "às vezes, quando penso na vinda do Senhor, o meu coração pula de alegria dentro de mim."
Outra mocinha, que já conheço há anos - ela tinha
onze anos na ocasião - disse o seguinte, após ter saído na noite escura
para passar um recado: "Mamãe, quando eu vinha subindo, as
nuvens estavam se movendo tão depressa no céu... então eu fiquei quieta e
olhei para cima, porque pensei que o Senhor Jesus estava voltando... e
então eu seria a primeira a vê-Lo"Pessoa que estava para vir: "Ao qual, não havendo visto, amais" (1 Pe 1:8). Ela sabia que, por Ele ter morrido por ela, todos os seus pecados estavam não só gratuitamente perdoados, mas eternamente esquecidos. Ora, qual era o segredo
desta paz e alegria no peito daquela criança, que estava completamente
só naquele caminho de campo, ao crepúsculo, e desejando ardentemente ver
o bendito rosto do Senhor? Era justamente por isto: Ela conhecia e
confiava na
Mas talvez alguém possa dizer: "Eu não estaria tão sossegado se pensasse que Ele pode vir imediatamente, embora o meu coração confie no Seu precioso sangue".
Ah, então é porque se esquece quem é que está para vir! É o "mesmo Jesus", o qual uma vez "cansado do caminho", pediu de beber à mulher samaritana (Jo 4); o mesmo que parou o cortejo fúnebre à saída da cidade de Naim e restituiu o único filho à pobre viúva (Lc 7); que permitiu à pecadora em casa de Simão que manifestasse o seu amor por meio de lágrimas e beijos aos Seus benditos pés (Lc 7); ainda mais: é o mesmo Jesus que dirigiu as maravilhosas palavras de misericórdia e graça ao ladrão moribundo no Calvário(Lc 23). É Ele, é Ele próprio que está para vir!
Leitor, você quer uma prova disso? Leia no livro de Atos, capítulo 1, o que aqueles dois anjos disseram aos discípulos no Monte das Oliveiras.
O seu Senhor tinha acabado de deixá-los, foi para o céu, mas não sem
primeiro ter um cuidado especial de lhes demonstrar que não era um Espírito, mas um Homem vivo com carne e ossos, e que, se duvidassem, podiam eles próprios verificar, apalpando-O (Lc 24:39). "Varões
galileus, porque estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós
foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes
ir" (At 1: 11).
Perto de dois mil anos na glória não O mudaram, em nada! É a mesma PessoaMarta foi esperar depois da morte de seu irmão, e é por Ele que nós esperamos. Se, porventura, "adormecermos", isto é, morrermos antes que Ele volte, então Jesus, "a ressurreição e a vida", Aquele que disse: "Lázaro, o nosso amigo dorme, mas vou despertá-lo do sono", sim, quando EleLázaro, nós possamos sentar-nos com todos os Seus santos nos moradas celestes (Jo 11,12 e 14). Por que, então, temeríamos, se um Amigo tão bendito está para vir do céu para nos encontrar? que voltar, há de nos despertar também para que, assim como
"Certamente cedo venho" é a promessa animadora; nossos corações não deveriam corresponder a um tal amigo, e dizer "Amém; ora vem, Senhor Jesus"? (Ap 22:20).
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