Vemos em Atos 1:1 a 11 uma preocupação de Lucas para
informar a verdade a um certo Teófilo sobre Jesus. Na verdade,
este texto tem uma ligação muito grande com o início
do ministério de Jesus, pois irá falar a respeito do
início do ministério da Igreja.
No início de seu ministério Jesus foi para o deserto
e ali esteve sozinho por 40 dias (Mt.4.1-2), e depois da ressurreição
Jesus ficou 40 dias ensinando sobre o reino de Deus (v.4). O Pentecostes
acontece 50 dias depois da Páscoa, sendo assim, os discípulos
ficam 10 dias em uma inquietação a respeito das coisas
que iriam acontecer.
A pergunta é: o que fazer? ir à frente de Deus? ou
esperar e confiar na palavra de Jesus o qual disse: “E comendo
com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém,
mas que esperassem a promessa do Pai...? (v.4). Assim como foi difícil
para os discípulos esperarem por uma promessa feita pelo próprio
Jesus, é difícil também para nós, hoje,
esperar quando estamos passando por dificuldades e queremos o mais
rápido possível uma ação de Deus. Muitos
não sabendo esperar passam à frente de Deus e acabam
sofrendo grandes conseqüências. Por que é tão
difícil esperar?
a) Porque muitas vezes não entendemos a ação
de Deus na espera: É no momento de espera que Deus realmente
quer nos conhecer, pois a Bíblia está cheia de exemplos
de pessoas que não souberam esperar. Um deles foi Saul, que
não soube esperar e acabou perdendo o reino (I Sm 13.8-14).
Pessoas assim como Saul que não souberam esperar pela ação
de Deus perderam seus cônjuges, sua família, seus amigos,
empregos, etc. É no momento de espera que Deus quer ver de
nós: a nossa obediência: “determinou-lhes que
não se ausentassem de Jerusalém” (v.4); 2); a
nossa paciência: “...mas que esperassem...”; a
nossa confiança, estritamente nele: “...esperassem a
promessa do Pai...”; 3) relembrar de tudo o que Deus já fez
por nós: “a qual, disse Ele, de mim ouvistes”.
b) Porque queremos que as coisas
aconteçam sempre no nosso
tempo e da nossa maneira: Hoje em dia as pessoas estão em
busca daquilo que é rápido e passageiro. Toda a tecnologia
quer levar a humanidade para a “rapidez e facilidade”.
Quando os discípulos perguntaram a respeito do “tempo” a
Jesus no verso 7, usaram a palavra Khrónos, que no grego significa:
tempo longo ou breve, breve tempo, um certo tempo, o nosso tempo,
tempo humano. Perguntaram porque queriam que as coisas acontecessem
com uma certa urgência e rapidez. A resposta de Jesus sobre
o tempo foi a palavra kairós, que no grego passa a idéia
de:
1) União e harmonia, como se fosse uma justa medida, lugar,
ponto justo: pensando em harmonia, temos que ter a certeza que toda
decisão fora do tempo de Deus deixa dúvidas, embaraço,
questionamentos. As coisas parecem que não se encaixam, parece
que só vão se tornar realidade “forçando
a barra”. É preciso saber que quando for o tempo de
Deus as decisões terão uma harmonia e tudo se unirá.
2) Tempo de oportunidade, momento
propício: muitas vezes
quando queremos algo, pedimos, imploramos. Mas Deus pela sua onisciência
e onipresença sabe que aquilo que queremos poderá até nos
tirar da presença do Senhor. No tempo de Deus, pelos acontecimentos,
logo você saberá que é um tempo de oportunidade,
tudo será realmente favorável na sua decisão,
pois será Deus que estará na frente. Por isto vale
a pena esperar o tempo propício de Deus.
3) Tempo fixado, tempo estabelecido
e apto: quando você vai
para o ponto de ônibus num determinado horário é porque
está confiando que naquele horário o ônibus vai
passar, ou para um banco às 10h é porque tem confiança
de que naquele horário o banco estará aberto. Isto
tudo nos mostra que confiamos no homem (Jr 17.5). Da mesma forma
temos que confiar em Deus (Sl.40), pois tudo está determinado
por Ele. O tempo está fixado e estabelecido por Deus e na
hora certa as promessas de Deus irão se cumprir na nossa vida.
c) A espera sempre se reflete
em silêncio, e o silêncio
de Deus sempre antecede uma ação peculiar de Deus para
mudar nossas vidas: Quando Jesus subiu ao céu, foi uma cena
contemplativa: “ E estando eles com os olhos fitos no céu...” (v.10).
Não podemos também confundir espera com uma vida contemplativa,
pois os discípulos saíram dali com a promessa de Deus
para as suas vidas, para a vida da Igreja, e eles foram fazer o que
estava no alcance deles: saíram do monte Olival e foram para
Jerusalém (v.12), começaram a se reunir no cenáculo
(v.13), perseveravam unânimes em oração (14),
escolheram o substituto de Judas Iscariotes (23). Depois desse processo
de espera e de silêncio por parte de Deus, Deus agiu: derramou
o Espírito Santo que foi prometido mais ou menos 600 anos
antes! Deus foi fiel e Deus cumpriu a sua promessa. Quando os discípulos
fitaram os olhos para os céus, aquela cena parecia um processo
de que tudo estava se acabando. Sim! No tempo do homem parecia que
tudo estava se acabando, mas no tempo de Deus, no Kaíros de
Deus estava apenas começando.
Pergunto: Qual a postura do crente
diante de uma situação
de espera? No seu entendimento através deste artigo, como
você identifica que a decisão que vai tomar está dentro
da vontade de Deus? Reflita.
1 comentários:
Muito bom o texto e é assim que tento seguir em frente, com calma, paciência e respeitando o tempo de Deus!
Sei que o todo poderoso nunca me abandonará.
Juliana Aguiar.
Postar um comentário